A maioria dos leitores de HQs conhece Peyo (Pierre Culliford), como o criador dos Smurfs. O que muita gente não sabe, é que ele tem outro emblemático personagem em seu currículo. Estamos falando de Benoît Brisefer, herói que surgiu em 1960 no Jornal Spirou. Ao todo, a série teve quatorze histórias até hoje, variando de desenhistas, que foram parar em álbuns. Atualmente, virou até filme de cinema com atores de verdade.
Em sua carreira editorial em língua francesa, Brisefer já teve a marca das Edições Dupuis e atualmente, sai pela Le Lombard. Por curiosidade, o personagem foi publicado na Espanha, pela Argos, com o nome de Benito Sanson. Em Portugal, pela União Gráfica, foi chamado de Kim Kebranoz.
Benoît Brisefer é um garoto que tem uma força extraordinária, cuja origem não é bem explicada na trama. Seu poder só desaparece quando ele se resfria. Se tudo estiver normal, e o moleque não ficar gripado, ele pode arrancar árvores pela raiz, abrir cofres com as mãos e dar enormes saltos que fazem com que pareça que está voando, entre outros feitos. Junto com seu amigo, o motorista de táxi Jules, vive incríveis aventuras. Esta figura dos quadrinhos franco-belgas não deixa de ser um tributo aos americano Superman. Não é à toa que no primeiro volume de Bisefer, Les Taxis Rouges, Peyo o tenha representado na capa segurando um automóvel, da mesma maneira que o Homem de Aço fez na estampa da primeira revista Action Comics, datada de 1938.
Benoît ganhou recentemente quatro versões americanas de luxo, num formato reduzido de 17,1 x 23,5 cm. Nestas bem cuidadas edições da PapercutZ de Nova York, passou a ser conhecido como Benny Breakiron. Seu tamanho é menor do que o dos álbuns originais belgas, mas o encolhimento não atrapalhou em nada a leitura. Com cores renovadas, capa dura e papel couchê, o fato passou batido. As aventuras publicadas foram: The Red Taxis, Madame Adolphine, The Twelve Trials of Benny Breakiron e Uncle Placid.
No segundo volume da coleção, no qual Peyo conta com os cenários de Will (Tif e Tondu), Benny pretende brincar com amigos numa praça da pacata cidade de Vivejoie-La-Grande, mas não os encontra neste dia. Dá de cara então com Madame Adolphine, uma simpática senhorinha que pode estar escondendo um enorme segredo. Ela é na verdade um moderno ser cibernético construído pelo fabricante de robôs Vladlavodka. E o que aconteria se esta adorável velhinha tivesse uma pane em seus circuitos e passase a agir como vilã e a assaltar bancos? Este será o desafio enfrentado por Benny, numa trama que encanta e surpreende, toda desenhada no mais puro traço da Escola de Marcinelle, um estilo associado ao Jornal Spirou e que é caracterizado por trazer balões bastante arredondados e personagens caricatos e de narizes grandes.
Madame Adolphine foi originalmente publicada em 1965 pela Dupuis. A capa desta HQ corresponde à última imagem postada na matéria. Brisefer nunca teve um quadrinho sequer no Brasil!
Por PH.
A gentil senhora Adolphine e um robô, criado pelo inventor Vladlavodka.
Os europeus, ao contrário dos americanos, não levam super-heróis a sério. Asterix, Benoit e o Captain Biceps (do Zep) são exemplos disso: todos são cômicos.
Até onde sei, os italianos tentaram fazer algo sério no gênero; não tiveram sucesso.