Neste começo de ano, começo por leituras desconhecidas no Brasil, como é o caso de Rona et L’Honorable Docteur Woo, inédito em português. É o segundo de uma coleção de cinco tomos: Rona : L’or du Macho-Fichu (Ouest-France – 1985), Rona et l’Honorable Docteur Woo (Ouest-France – 1985), Rona et l’archipel du Poulo-Melong (Ouest-France/Rennes – 1986), Rona et le roi du Rock (Ouest-France – 1987) e (Rona : Le bouclier de Lucterios (Ouest-France/Rennes – 1989).
Basicamente, Rona é um jornalista que fez uma cobertura em Machu-Fichu, fictício país da América do Sul situado entre a Guiana e o Brasil, para o Jornal Le Pavé, empresa de comunicação para a qual trabalha. Nesta que foi sua primeira história, ele buscou resgatar o amigo Robert Coquille, preso em alguma parte desta região. Enfrentando diversos processos jurídicos, o Le Pavé é o sonho de consumo do empresário Papièmou, dono do periódico concorrente. Ele faz de tudo para adquirir a publicação e a cada deslize cometido pelo rival, faz uma oferta de compra a seu proprietário, o Senhor Boeuf. Quando a filha deste último citado é seduzida e levada pela seita Les Enfants de Groutcna (As crianças de Groutchna), organização religiosa pertencente ao sinistro e milionário Doutor Woo, ele faz apelo a seu funcionário e repórter, Rona, para que traga a jovem de volta ao seio familiar. Na aventura, nosso herói terá a ajuda de uma linda e sensual apresentadora de TV, que de vez em quando aparece de biquíni, dando um verdadeiro show nas páginas da HQ. Ela também esteve presente álbum anterior, L’Or du Macho-Fichu. No final das contas, a dupla acaba por descobrir que Les Enfants de Groutcna é apenas um disfarce para atividades ilegais do grupo do Doutor Woo.
Rona et L’Honorable Docteur Woo é aquele típico quadrinho de aventura humorística que a gente só encontra na escola franco-belga, bem na linha de Spirou, Gil Jourdan, Sammy e vários outros. Apesar do traço muito legal e visual que agrada, a falta de carisma do personagem principal, Rona, fica evidente na trama e passamos a maior parte do tempo prestando atenção aos peitos de sua bela colega de imprensa. Por outro lado, a narrativa funciona, num clima bastante detetivesco, aproveitando para criticar ferozmente os tabloides sensacionalistas e as seitas que existem por aí. Neste caso, o quadrinho parece atacar diretamente o movimento Hare Krishna. A HQ tem autoria de Malo Louarn, artista e militante nacionalista francês.
Como curiosidade, sua capa lembra um pouco a estética encontrada na estampa de Tintin e A Ilha Negra, de Hergé.
Por PH.
Muito triste.Com a falta de incentivo a banda desenhada.Poucas editoras que se preocupam em investir em quadrinhos de qualidade no nosso país.
Jornal Le Pavé? Ler para ver?
Pô, essas HQs foram produzidas nos anos 80, quando o Brasil estava numa crise ferrada. Tipo hoje em dia. Mesmo assim, ainda vou deitar meus olhos nessas belezinhas.