Sylvain Runberg é um roteirista francês que é encantado pelo potencial do mangá, enquanto o belga e desenhista Olivier Martin passou um bom tempo de sua vida no Japão com sua esposa, natural do país. Não seria surpresa que produzissem um quadrinho com fortes influências nipônicas e credulamente ambientado na Terra do Sol Nascente. Fruto dessa parceria perfeita, surgiu Face Cachée (Face Escondida), de 2010, publicad0 em dois volumes pelas Edições Futuropolis. Inédito no Brasil, é uma aula de como fazer uma HQ adulta, privilegiada por grandes planos, pouco texto e uma linguagem bastante cinematográfica. Face Cachée é um drama que mergulha fundo no fechado mundo japonês, sociedade que esconde mais do que revela.
A história se passa em Tóquio, onde o analista financeiro Satoshi Okada trabalha numa empresa em que se apresenta como um homem casado e pai de uma filha. Nos finais de semana, ele encontra a família em Kamakura, distante 50 km da metrópole. Enquanto está na agitada e tecnológica Tóquio, mora em uma minúscula cápsula em um hotel e vive uma relação extraconjugal com Mayume, 26 anos, linda secretária e colega de trabalho. Apesar de enfrentar problemas com o alcoolismo de seu pai, recém divorciado da mãe, a jovem não consegue evitar que a paixão por Satoshi se torne algo incontrolável em sua vida. Auxiliada por uma amiga, ela descobre que seu amado esconde algo e que visita regularmente a filha de seu chefe. Desejando chegar à verdade dos fatos, ao se sentir traída, Mayume poderá se deparar com um terrível segredo envolvendo o passado de Satoshi. A revelação será inesperadamente chocante e dará um novo rumo à trama.
Cada tomo de Face Cachèe tem capa dura e 152 pranchas pintadas em tons de cinza. O argumento prende o leitor do começo ao fim, através de uma narrativa que vai crescendo em termos de densidade psicológica. O leitor se apaixona por Mayume, apenas ao apreciar sua juventude e delicados traços, incluindo pequenos olhos, nariz imperceptível e cabelos negros, lisos e impecáveis.
Trata-se de um mangá franco-belga que surpreende em termos de visual e profundidade dos personagens. Nos sentimos em plena Tóquio, grande centro oriental que esbanja modernidade, mas que mantém delicados tabus!
Sylvain Ruberg também é o autor do texto de Orbital, feito em parceria com o desenhista Serge Pellé.
Por PH.
Hum qual será o segredo de Satoshi, mais um que eu gostaria de desvendar o mistério.Alguma chance de chegar por aqui PH Tujaviu! A capa é muito bonita e transmite o mistério que acompanha a história.Eu quero!!!!