Por ser bastante interessado em cultura europeia e colecionar quadrinhos franceses, desde pequeno, conheço o jornal satírico Charlie Hebdomadaire, há muito tempo. Fundado em 1970, ele sempre criticou profundamente a sociedade, religiões, política e economia.
Neste mês de janeiro de 2015, a publicação foi vítima de um bárbaro ato que vitimou seus principais e renomados cartunistas, artistas que foram incansáveis em expressar sua opinião em relação aos temas mais polêmicos. Este duro trabalho, garantido pelas leis de liberdade de expressão, evidentemente, causou a insatisfação de grupos que se sentiram ofendidos com algumas charges do Charlie Hebdo. Faz parte da Democracia! Isto, obviamente, não justifica que alguém pegue uma metralhadora e mate os autores dos desenhos em questão, cidadãos que usam lápis, tintas e pincel como arma de expressão. Um dos membros mais famosos do jornal, Georges Wolinsky, tinha 80 anos de idade, ao sucumbir por tiros brutais e lacerantes de Kalashnikov. Foi algo como matar um passarinho com um tanque militar.
Vivemos num planeta com leis que precisam ser respeitadas, para não cairmos em um perigoso mundo em que atos de barbárie sejam justificados por orientação divina. Lembro que Deus nunca clama por mortes e que quem defende este pensamento, distorce os ensinamentos básicos de fraternidade, tolerância e não radicalismo que qualquer religião prega. Chocado com tudo que tem sido divulgado pela imprensa brasileira, em rádios como France Info e Europe 1 e pelo Jornal Le Parisien, resolvi escrever algo sobre este horror. Não sendo religioso, mas respeitando todos os credos, espero que os sem coração entendam, um dia, o verdadeiro significado da palavra Deus.
Há uns 15 dias, antes de tudo isto acontecer, estive na Livraria da Travessa, onde vi o livro CHARLIE HEBDO: LES 20 ANS – 1992/2012. Impresso em capa dura e ostentando grande formato, a edição tem autoria de Bernard Maris e traz uma seleção de aproximadamente 1000 desenhos do Charlie Hebdomadaire, correspondentes ao período descrito em seu título, cobrindo vinte anos de ilustrações. Este material foi republicado originalmente em 2012, pela primeira vez, e dá uma ideia bem precisa do humor ácido dos cartunistas do Charlie. Como não há muito texto, quem não entende o francês, não terá problemas para apreciar o conteúdo do livro. A publicação possui formato de 34,4 x 3,5 x 28 cm, 319 páginas e preço de R$ 186,90. Sua editora é a Éditions Les Échappés. CHARLIE HEBDO: LES 20 ANS – 1992/2012 pode ser comprado no site da Livraria da Travessa.
Je suis Charlie!
Por PH.
Nossa parabéns pela relíquia, você como colecionador ta com um tesouro valiosíssimo nas mãos, está sendo muito bem falado no site, com certeza será uma das minhas leituras futura se encontrar claro!