De autoria de Pierre Makyo (roteiro) e Laurent Vicomte (desenhos), Passeio ao Fim do Mundo (Balade au bout du monde) é uma série em quadrinhos que ganhou a mais alta distinção do Festival de Hyères e o Grande Prêmio da Cidade de Paris. Seus dois primeiros volumes, La Prison (A Prisão) e Le Grand Pays (O Grande País), chegaram a sair em português pela lusitana editora Meribérica. Iniciada em 1982, pela Glénat, a saga conta com aproximadamente 17 álbuns.
Resumindo o que se passa em A Prisão, Arthis Jolinon é um fotógrafo com poucos amigos e que tem a simpatia de Annette, jovem que é apaixonada por ele, apesar da pouca reciprocidade amorosa de seu teórico pretendente. Um belo dia, Arthis resolve fotografar uma região pantanosa, localizada perto de Paris. Ele pega seu fusca conversível e parte para a região, num trabalho que teria tudo para ser mais um bom momento de sua carreira profissional. Uma das primeiras visões que tem no lugar é o de uma bela morena, igualmente fotógrafa, atacada por uma estranha figura que lembra um cavaleiro medieval. Antes que possa fazer qualquer coisa, Arthis também é violentamente abordado por uma figura semelhante. Nosso herói acorda num local subterrâneo, com forte clima de idade Média, povoado por indivíduos que desapareceram no mesmo pântano que ele. Todos estão cativos, sem saber a razão de sua presença por lá, sendo alimentados de tempos em tempos por um enigmático povo que não permite nenhum tipo de aproximação. Qualquer tentativa é punida com a morte. Arthis se junta então a um grupo que tenta uma fuga desesperada dali.
Na sequência da HQ, O Grande País, um grande caos acontece, assim que os planos para o motim escapatório são descobertos pelos líderes dos prisioneiros. Nesse meio tempo, o fotógrafo reencontra a mulher que viu, pouco antes de sumir. Os dois tem um belo momento de amor juntos, mas logo serão separados pelo destino, pois Arthis é o único a conseguir escapar dos calabouços que foram sua casa por meses. O mundo da superfície é o reino de Galthédoc, um vilarejo marcado pela presença de três emblemáticos castelos. O lugar parou no tempo, ao decidir cortar laços com o mundo exterior. Se aliando a um nobre líder local que se torna seu amigo, Arthis terá uma rara oportunidade para regressar à França. O objetivo do retorno é o de reunir o maior número possível de informações sobre a evolução que aconteceu nos últimos séculos em nosso planeta e mostrá-las aos que moram em Galthédoc. Assim, haveria uma real possibilidade de reunificação entre os dois universos. Em Paris, Arthis contará com a hospitalidade de Annette, a quem contará sua incrível aventura.
Já em Le Bâtard, o terceiro volume que leio de Passeio ao Fim do Mundo, Arthis tenta retornar à misteriosa terra medieval, da qual foi prisioneiro por muito tempo, levando uma completa reportagem sobre nossa atual civilização. Nesta empreitada, ele estará acompanhado de Annette. Enquanto tentam descobrir uma passagem para chegar até Galthédoc, a trama se concentra em uma misteriosa maldição que faz com que mulheres quase não nasçam mais no lugar. Ao mesmo tempo, o Rei desta sinistra terra quase enlouquece com suas perdas diárias de memória. Além disso, o monarca tem que lidar comesta terrível escassez de fêmeas, enfrentar um filho que ele não reconhece e que deseja se tornar seu sucessor e descobrir a verdade sobre um enigmático e lendário flautista, cuja música tiraria as pessoas da tristeza e curaria doenças.
Haverá a tão esperada reaproximação entre duas dimensões tão diversas? Arthis conseguirá rever sua linda amada de cabelos negros? Resgatará seus companheiros de masmorra que ainda estão presos?
Lembro que o primeiro ciclo de Passeio ao fim do mundo (1982-1989) foi todo ilustrado por Vicomte. Depois, o artista foi substituído por Hérenguel, Faure e N. G. Laval. Trata-se de uma espécie de conto de fadas moderno que se transforma em um pesadelo que levará o leitor a uma dimensão fantástica que vai muito além de nossa realidade cotidiana.
Por PH.
Que maravilha fiquei curiosa.