Quadrinhos

Jacques Martin e Hergé, dois mestres da Ligne Claire que tinham estilos muito próximos

Escrito por PH

tintin-et-le-temple-du-soledgfdgfdil-wallpaper_290694_23340 - Copia copyEm janeiro de 2010, falecia Jacques Martin, o criador do épico Alix (1948) e do repórter Lefranc (1952). Ele foi um dos mais ilustres representantes da linha franco-belga de quadrinhos. Morreu aos 88 anos de idade, vítima de edema pulmonar.

Martin, assim como Bob de Moor (Barelli), Edgar Pierre Jacobs (Blake e Mortimer) e Roger Leloup (Yoko Tsuno), trabalhou nos Studios Hergé, ajudando no desenvolvimento das aventuras de Tintin. Nascido em Estrasburgo (França), em 1921, estudou artes na Bélgica e ficou marcado pelo seu estilo ligado à Linha Clara e pela grande quantidade de detalhes e rica documentação histórica de sua obra. Martin só parou de desenhar em 1992, quando teve uma doença ocular. Felizmente, o desenhista não cruzou os braços e continuou roteirizando as aventuras de Alix e Lefranc, enquanto a parte gráfica ficou a cargo de artistas, como Gilles Chaillet, Rafael Morales e Taymans, que deram prosseguimento a seu trabalho.

Dia desses, li uma das primeiras HQs de Martin, intitulada Œil de Perdrix: Le secret du calumet (Olho de Perdiz: O Segredo do Cachimbo). Publicada originalmente em 1947, por Éditions Bravo, é a primeira grande banda desenhada de Jacques Martin, realizada em parceria com o desenhista Henri Leblicq, sob o pseudônimo de Marleb. Neste quadrinho, a história se passa na parte canadense da América do Norte, no final do século XIX, tendo o índio Olho de Perdiz como protagonista. A trama do álbum envolve o roubo de um cachimbo sagrado que pertence ao bando de Perdiz. Dentro do artefato, está escondido um mapa que dá a localização de um tesouro ancestral.

Embora não seja um dos melhores momentos de Martin, que estava ainda engatinhando em sua profissão, não é difícil detectar óbvias similaridades entre ele e Hergé. Na página 50 de Œil de Perdrix: Le secret du calumet, me deparei com uma ilustração que mostra o momento em que Perdiz e seus amigos chegam a um antigo templo, escondido nas profundezas da terra, e olham estarrecidos para um imenso totem indígena. Cena parecida pode ser vista em um desenho de O Templo do Sol, feito exclusivamente para a edição de 26 de setembro de 1946 do Jornal Tintin. A ação acontece, num momento em que Tintin e o Capitão Haddock, em busca do Professor Girassol, tentam localizar o lugar em que o cientista está escondido e se deparam com um fantástico monumento inca.

Colocando as imagens lado a lado, a semelhança entre a arte dos dois quadrinistas fica evidente. É preciso levar em conta que o início da colaboração oficial entre eles aconteceria somente a partir de 1953, principalmente em Tintin no Tibete e Perdidos no Mar. Este desenho que encontramos em Œil de Perdrix: Le secret du calumet é anterior a essa época. Seria um prenúncio do que estaria por acontecer profissionalmente entre os dois mestres da banda desenhada franco-belga? Tire suas conclusões.

Por PH.

Tous droitsréservés: © Hergé-Moulinsart S.A. / Claude Lefrancq Éditeur S.A

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

1 Comentário

  • Agradeço! sua dedicação e disposição de partilhar conosco essa arte maravilhosa. vocês fazem tudo isso ter muito sentido para mim, como já falei outras vezes muito obrigada mesmo…

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