As histórias em quadrinhos são um mundo vasto, com diversos segmentos, formatos e temáticas. No tocante ao seu visual, também existem algumas diferenciações. Quando pegamos uma revista de super-heróis americana e a comparamos, por exemplo, com um mangá japonês, as sutilezas entre as duas ficam óbvias. Isso sem falar nas HQs nacionais, no Fumetti italiano e em tantas outras mais, ao redor do mundo, cada uma com suas próprias características e regionalismos. Quando se fala em quadrinhos europeus, ainda pouco difundidos no Brasil, uma ala deste gênero vem se destacando há muito tempo, reunindo artistas consagrados. Estamos falando da Ligne Claire, um estilo de desenhar e pintar quadrinhos que tem origem em antigos autores franceses como Pinchon, o criador de Bécassine, e Alain Saint Ogan, responsável pelos personagens Zig e Puce. Sem dúvida alguma, o maior represente da Ligne Claire é o belga Hergé, o pai de Tintin. Falecido em 1983, Georges Remi, seu nome verdadeiro, fez do destemido e aventureiro repórter, um dos maiores pilares deste movimento. Trata-se de um tipo de grafismo que é caracterizado pelo uso de cores fortes, com pouco ou nenhum sombreamento, e a utilização de cenários extremamente detalhados e realistas. O termo partiu de uma ideia de Joost Swarte, em 1977, por ocasião da exposição Tintin in Rotterdam. Nesta ocasião, usando da mais pura paródia, Swarte também criou algumas capas de álbuns de Tintin, que nunca existiram de verdade. Outros nomes de artistas franco-belgas também estão relacionados à Ligne Claire. São eles: Edgar Pierre Jacobs, Yves Chaland, Ted Benoit, René Sterne, Chantal de Spiegeleer, Stanilslas, Bob de Moor, Serge Clerc, Floc’h, Jacques Martin, Theo van den Boogaard, Willy Vandersteen, além do próprio Swarte e muitos outros. Da Holanda, um nome passou a fazer, mais recentemente, parte deste seleto time de desenhistas. Estamos falando de Eric Heuvel, o idealizador da saga January Jones, também conhecida como Jenny Jones e Jennifer Jones. Ela é uma mistura perfeita entre Tintin, Indiana Jones e Blake e Mortimer e surgiu, em 1986, numa parceria entre Heuvel, e roteirista Martin Lodewijk. January Jones, primeiro trabalho editado de Heuvel, é uma exclente piloto de avião que vive suas emocionantes aventuras, ao redor do mundo, durante a década de 1930. Todas as suas peripécias foram publicadas pela revista Sjosji Magazine e na forma de álbum, pelo selo Big Balloon, entre 1987 e 1995. Além desta série, ele produziu várias outras, incluindo The Search (A Busca), quadrinho já editado pela Companhia das Letras, mesma editora brasileira que, nos próximos meses, estará publicando a versão nacional de A Family Secret. Todas estas duas obras tem por temática, a terrível perseguição aos judeus, durante a Segunda Guerra Mundial e os terríveis efeitos do Holocausto em membros sobreviventes de famílias judias que foram dizimadas e vivem, atualmente, na Europa. “A Family Secret” é uma HQ que nos faz pensar e refletir sobre um passado negro da história humana e sobre o que tem de de ser feito para evitarmos tamanha tragédia no futuro. O álbum foi produzido numa parceria entre a Casa Anne Frank e o Museu da Resistência Friesland e estará, em breve, nas livrarias de todos o país. A imagem que aparece acima foi extraída de uma ilustração de PH, gerador de conteúdo do blog Tujaviu. A gravura foi publicada no site marquejaune.com, espaço da internet que fundado em 2005 pelo jornalista e apaixonado por quadrinhos, Ludovic Gomber. O Tujaviu produziu o vídeo, a seguir, que fala de todo este fascinante universo da Ligne Claire.