Quadrinhos

Conferimos Micmac à Anvers, quadrinho Ligne Claire inspirado no traço de Yves Chaland

Escrito por PH
Este é o tipo de matéria que você dificilmente verá em outros blogs nacionais, já que reconhecemos que o assunto é um tanto quanto restrito em nosso país. Para quem nao está acostumado ao nosso conteúdo, sempre que podemos, falamos sobre alguma HQ europeia que temos o prazer de conferir. Na maioria dos casos, esses títulos são bastante desconhecidos dos brasileiros, como é o caso de Micmac à Anvers: Une Aventure de Fred et Léa, um álbum que adquirimos recentemente e que foi publicado, em 2003, pela francesa editora Jet Stream Productions, de Lyon. O motivo de termos este enorme interesse por quadrinhos franco-belgas se reside no fato de lermos o francês e, há muito tempo, termos percebido o alto nível dos gibis produzidos nesses países. Gibi, neste caso, nem é o termo exato para definirmos estas edições, já que são revistas que mais parecem livros. São algo como as conhecidas graphic novels americanas. A diferença é que quase 100 % da tiragem de HQs francesas e belgas é feita em capa dura, impressa em papel de qualidade e destinada apenas às livrarias. A realização de cada um desses exemplares pode levar mais de um ano e tudo é tratado como a mais pura arte. Sempre que algum destes exemplares nos impressiona, pode estar certo de que ele será tema de discussão no Tujaviu. Com texto de Djian, desenhos de Pascal Somon e cores de Guyom, Micmac à Anvers é um belíssimo exemplo de traço Ligne Claire, um estilo cujo maior representante foi Hergé, o criador de Tintin. Os artistas que seguem esta linha, retratam um mundo extremamente colorido e quase sem sombras. Boa parte destas tramas se passa nos anos 1950, embora isto não seja exatamente uma regra. A narrativa criada para Micmac à Anvers se desenrola entre Lille, na França, e Anvers (Antuérpia), a segunda maior cidade da Bélgica. Fred é um jovem jornalista que investiga a misteriosa morte de Joss, um condutor de trem. Ele foi assassinado por um de seus colegas de trabalho que, em seguida, também apareceu morto. Inconformada com a perda, Léa, a viúva de Joss, decide investigar o crime, por conta própria. Em sua busca de respostas, ela se juntará ao repórter Fred. Os dois partirão com destino à uma perigosa aventura, cheia de surpresas, em que enfrentarão gangsters locais e chineses que trabalham para eles. Sua única pista será o nome Joker, pronunciado pelo matador de Joss, antes de falecer. Micmac à Anvers tem o clima detetivesco dos roteiros de Blake e Mortimer, heróis idealizados por Edgar Pierre Jacobs, e apresenta um visual inspirado na arte de Yves Chaland, outro dos baluartes da Ligne Claire e pai da saga de Freddy Lombard. O desenhista nos deixou precocemente, em 1990, vítima de um acidente de carro na França. No começo da publicação, inclusive, os autores dedicam sua obra a Chaland. A seguir, mostramos algumas das incríveis imagens que estão desenhadas nas páginas de Micmac à Anvers, além da reprodução de sua capa original e de uma de suas pranchas. Reparem na beleza das cores e na exata reprodução de alguns dos cenários reais que existem em Lille e Anvers. Quadrinho é ou não é uma arte de primeira?


Por PH. 

Copyright © 2003 Jet Stream Productions.




 

Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

Deixe seu comentário