A maioria dos fãs do destemido repórter belga nem sabe, mas uma há uma grande controversa envolvendo o legado deixado por Hergé, o criador de Tintin. No centro de tudo isto está a figura de Nick Rodwell, empresário britânico que casou com Fanny Vlamynck, a segunda esposa do falecido Hergé e ex-colorista de seu estúdio, durante a década de 1950. Após a união de Rodwell com Madame Fanny, a partir de 1986, sua influência aumentou bastante no mundo de Tintin, a ponto dele ter sido o produtor-executivo de As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne, recente filme de Steven Spielberg. Na verdade, o envolvimento deste inglês, nascido em 1952, com Tintin começou com uma pequena boutique Tintin que ele abriu em Londres, em 1993. O negócio foi o primeiro do gênero e o ponta pé inicial para o desenvolvimento de uma grande cadeia planetária de estabelecimentos deste tipo. Muito do que nós do blog aprendemos sobre toda esta questão autoralfoi extraído do livro Tintin et les héritiers: Croniques de l’après-Hergé, do jornalista Hugues Dayez. A edição faz parte da série Grandes Enquêtes e conta boa parte do que aconteceu depois da morte de Hergé, em 1983, no quesito legal. Lançado em 1999, pelas Edtions Luc Pire, o volume fala do embate entre os herdeiros de Tintin, incluindo a figura de Alain Baran, filho adotivo de Hergé. O grande problema é que Rodwell, apesar de não ser parente direto de Hergé, acabou se tornando a palavra final, em se tratando de direitos derivados, imagem do personagem perante as novas gerações, política das lojas que vendem produtos ligados a Tintin e outras questões relacionadas ao herói. Na maioria das vezes, suas decisões tem desagradado aos fãs, editores e empresas que desejam obter o licenciamento para trabalhar com a marca Tintin. Isto fez com que este homem de negócios inglês tenha se tornado uma pessoa com pouquíssima popularidade no universo tintinesco. Sobre o autor de Tintin et les héritiers, Hugues Dayez é jornalista cultural na RTBF (Radio Télévision Belge Francophone), desde 1986. Tendo seguido, de perto, todos os capítulos do entrave patrimonial de Tintin, ele conseguiu coletar vários depoimentos esclarecedores para montar este dossiê. Em sua obra, Dayez analisou a atualidade do fenômeno Tintin e suas chances de que continue com o mesmo sucesso neste século XXI. Dayez é o autor de Le duel Tintin-Spirou, uma coedição da Éditions Luc Pire e Éditions Du Félin. Quem conferir esta publicação de 180 páginas, ainda sem tradução para o português, deverá tirar suas próprias conclusões sobre as polêmicas atitudes comerciais de Nick Rodwell. Para ilustrar a matéria, mostramos alguns produtos de Tintin que guardamos em nossa coleção, entre eles: Um astronauta de Explorando a Lua, um boneco de Tintin no Tibete, um chaveiro de O Lótus Azul, e outro de O Segredo do Licorne/O Tesouro de Rackham o Terrível. São peças que podem ser facilmente adquiridas em Tintin Shops ao redor do mundo. Só falta mesmo existir uma filial dessas no Brasil. Será que algum dia ainda teremos o prazer de ver algo assim em nosso país? Encontrar a versão nacional de Tintin et les héritiers, numa livraria, já estaria de bom tamanho. Veja no final das imagens de itens de nossa coleção, a capa e o verso do livro que é o assunto deste post.
Por PH
Fotos de brinquedos: Marcos Queiroz