Mesmo sabendo que algumas das HQs franco-belgas que lemos, nunca deverão chegar ao Brasil, não conseguimos resistir à tentação de comentá-las no blog. É o caso de Souvenirs de l’empire de l’atome (Lembranças do Império do Átomo), de autoria de Thierry Smolderen, roteirista belga, e de Alexandre Clerisse, desenhista francês. Lançada pela Dargaud em 18 de janeiro de 2013, esta trama começa em 1953, época em que o mundo vive a sua era nuclear. Nestes tempos de progresso tecnológico, um homem se questiona sobre a sociedade da qual faz parte. Estamos falando de Paul, um escritor de ficção científica que, desde a sua infância, vive em contato telepático com o herói espacial Zarth Arn, lendária figura que habita no século 722 de nossa era. Depois de redigir e publicar um artigo em uma revista, sobre esta estranha relação, nosso amigo vira celebridade e começa a despertar o interesse de Gibbon Zelbub, influente consultor do Pentágono e da indústria americana. Num laboratório de Vermont, a convite Zelbub, Paul passará por uma experiência de hipnose que estremecerá sua amizade com Zarth Arn, o poderoso representante do Império Galático. Este é um pequeno resumo de uma narrativa única que é uma verdadeira homenagem aos anos 1950, seja pelo visual que flerta com essa glamurosa época ou pelas referências a outros quadrinhos famosos que tiveram seu auge neste período. Para exemplificar, escolhemos algumas passagens do álbum. A primeira delas exibe o vilão Zelbub, cujo nome remete ao terrível Zorglub, eterno malfeitor das aventuras de Spirou e Fantásio. Em seguida, mostramos um automóvel Lincoln Futura que é visto num momento de fuga. Só para lembrar, o carro seria usado como Batmóvel, em 1966, no seriado Batman. Em seguida, veja um dos capangas voadores de Zelbub. Seu traje lembra a roupa de mergulho usada por Fantásio em “Spirou: O Refúgio da Moréia” (“Spirou: Le Repaire de la Murène”), de 1957, conforme imagem inserida no canto superior direito da foto. Note como a forma de desenhar dos pés de pato e do tanque de oxigênio é a mesma nas duas ilustrações. Para finalizar, observe o indicador de movimento utilizado atrás de um calhambeque vermelho que aparece na trama. Ele é bem parecido com um pedaço de fio enrolado de telefone. Trata-se de um recurso gráfico amplamente empregado em Tintin e em outras obras da Ligne Claire. Por falar em Tintin, repare nosos uniformes de astronautas que aparecem em uma determinada parte da aventura. Não são semelhantes aos que desfilam nas páginas de “Tintin: Explorando a Lua”? Para que o leitor tenha uma ideia melhor de Souvenirs de l’empire de l’atome, também publicamos seu book trailer, capa e algumas de suas pranchas originais. Será que, algum dia, conheceremos a tradução desta maravilha da Nona Arte? O futuro a Zarth Arn pertence! O enredo de Souvenirs de l’empire de l’atome é baseado na vida do escritor Cordwainer Smith.
Por PH.
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