Quadrinhos

A Feira dos Gangsters, clássica aventura de Spirou, ganha novas cores

Escrito por PH
Matéria foireA data em que este quadrinho foi concebido situa-se por volta de 1958, época em que a cidade de Bruxelas se preparava para receber sua primeira Exposição Universal, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Foi também o momento em que André Franquin, o autor da história, assumiu uma nova paternidade. Dividido entre o trabalho e a família, ele montou um atelier, perto de casa, e convidou alguns amigos desenhistas para ajudá-lo a desenvolver os álbuns de Spirou e Fantásio. Entre os artistas convocados, estavam: Jidéhem, criador de Ginger, e Roba, pai de Boule e Bill. Curiosamente, a rua onde trabalhavam estes feras se chamava Rue du Brésil. Influenciado pelo cinema noir americano e ajudado por Jidéhem, Franquin criou a história “La Foire aux Gangsters” (“A Feira dos Gangsters”), seguindo um roteiro com clima de thriller policial, cuja parte crucial da narrativa se passa à noite, num cenário bem mais sombrio do que o usado normalmente por Franquin. Este título veio logo em seguida a “Vacances sans Histoire” e foi publicado em 1959, através de capítulos, dentro do Jornal de Spirou. Em 1960, “La Foire aux Gangsters” acabou sendo editado como parte do ábum “O Ninho dos Marsupilamis”. Desta vez, Spirou e Fantásio se encontram envolvidos no estranho rapto de um bebê, filho de um rico milionário. Por trás do sequestro, estão dois grupos de bandidos rivais. Para resgatar a criança, Spirou recebe aulas de Judô do misterioso Soto Kiki. Quem será este japonês que se apresenta de maneira nada comum a Spirou? Para colocar a missão de salvamento do pequeno em risco, eis que aparece o ingênuo e atrapalhado Gaston Lagaffe, personagem criado por Franquin em 1957, que faz uma participação especial no argumento. “La Foire aux Gangster” ganhou, em novembro de 2012, novas cores e paginação diferente daquela com a qual foi imaginada. Quem comandou o processo de colorização foi Frédéric Jannin, a partir das pranchas originais em preto e branco da obra. Agora, tudo isto faz parte de um luxuoso volume das Edições Dupuis que tem, além da história em si, um esclarecedor texto de José-Louis Bocquet e Serge Honorez.Os dois relatam o passo a passo que levou Franquin e Jidéhem a produzir um clássico dos quadrinhos franco-belgas de apenas 28 páginas. Eles também detalham o processo de desenho de carros, mobiliário e de tudo mais que foi utilizado para compor a HQ. No total, esta recente e definitiva apresentação de La Foire aux Gangsters tem 88 páginas, incluindo muitas ilustrações.Como os instantes decisivos da trama se passam num ambiente mais dark, conforme já falamos, notamos que Jidéhem optou por escurecer a nova capa, ajustando-a este cenário mais noturno. Isso fica bastante nítido, quando a comparamos esta nova ilustração com a da primeira capa que foi realizada, em 1959, nos tempos do Jornal de Spirou. Nesta proposta inicial, vemos Spirou sair furtivamente de um trailer de circo, que serve de camarim para os boxeadores e bandidos da aventura, onde tudo está excessivamente claro. Com a mudança proposta porJidéhem, apenas nosso herói e o cesto que segura aparecem fora do campo de penumbra. A correção foi precisa, já que existe apenas um foco de luz que ilumina Spirou e que vem de dentro do local que ele está deixando. Seria natural imaginar que tudo que ficasse longe do perímetro do herói, estivesse absolutamente escuro. O mesmo procedimento de diminuição de intensidade de cores foi empregado em várias pranchas do volume. A edição especial de “La Foire aux Gangsters” faz parte da Coleção Patrimoine, da Dupuis, e não tem previsão alguma de ser traduzida para o português. Uma pena! Seu preço fica em torno de 24,00€, sem levar em conta a taxa de frete para o Brasil. O idioma do exemplar é o francês. Abaixo, veja a capa de “Le Nid des Marsupilamis” (“O Ninho dos Marsupilamis”) e da versão original de “La Foire aux Gangsters”. Em seguida, confira algumas fotos que publicamos do novo livro. Entre elas, encontram-se imagens dos autores da obra, Franquin (à esquerda) e Jidéhem (à direita), além de detalhes internos do exemplar. Impresso em capa dura, seu formato é 23,5 x 30,5 cm. Demoramos para falar no assunto, pois só agora conseguimos entrar em contato real com esta maravilha da Banda Desenhada. Para escrever uma matéria deste tipo, só com informações da internet, não teria graça. Seria preciso segurar, em mãos, e ler o fabuloso objeto de nossa pequena abordagem. Foi o que fizemos! Parabéns à Editora Dupuis pelo alto nível de conteúdo e impressão de “La Foire aux Gangsters”. 


Por PH.

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Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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