Desde a morte de Hergé, o criador de Tintin, em 1983, vários artistas europeus tem tentado reproduzir o jeito de desenhar popularizado por este belga, cujo nome verdadeiro era Georges Remi. Todos eles possuem em comum, além do traço, o fato de pertencerem à Ligne Claire, uma ala da HQ que utiliza cores fortes e pouquíssima ou nenhuma sombra. Estão entre os mais importantes representantes deste estilo: Joost Swarte, Ted Benoit, Edgar Pierre Jacobs, René Sterne, André Juillard, Serge Clerc, Floc’h e Yves Chaland. De todos estes, Chaland talvez tenha sido um dos maiores baluartes modernos do segmento. Ele faleceu em 1990, vítima de um acidente de automóvel, deixando uma vasta obra que alcançou seu auge nos anos 1980. Chaland publicou suas primeiras pranchas no fanzine Biblipop, quando tinha apenas 17 anos. Em 1976, entrou para a Escola de Belas Artes Saint-Etienne, na França, onde criou sua própria revista, L’Unité de Valeur, junto com o desenhista Luc Cornillon. No ano de 1978, começou a colaborar com a então vanguardista Métal Hurlant, a convite de Pierre Dionnet. Chaland aproveitou o material que editou nesta revista e lançou seu primeiro trabalho, o álbum Captivant. Com um estilo bastante retrô, cheio de referências aos anos 1950, Chaland seria responsável pelo desenvolvimento de vários personagens. Os mais famosos foram: Bob Fish, Adolphus Claar, Freddy Lombard e Le Jeune Albert. Em relação a este último, já possuíamos uma edição de Le Jeune Albert, datada de 1985. Trata-se de um pequeno exemplar de 16,5 x 23,5 cm, com 46 páginas coloridas, trazendo a marca de Humanoïdes Associés. O volume foi garimpado, em São Paulo, na Livraria Francesa da Rua Barão de Itapetininga. Para nossa surpresa, recentemente, conseguimos colocar as mãos numa versão bem maior desta raridade. A nova edição, em grande formato, saiu em agosto de 2012, pela filial da Humanoïdes associés de Los Angeles. Traduzido para o inglês, o quadrinho tem gigantescos 30 x 40,5 cm, um tamanho que se assemelha ao de um quadro ou tela de computador de 21 polegadas. Em proporções, lembra o antigo Flash Gordon de capa dura da Ebal. Para que o leitor tenha uma ideia, exibimos uma foto em que colocamos a velha e a recente impressão, lado a lado. Uma mão aparece para dar a real noção das dimensões. Foram apenas 550 cópias produzidas, sendo esta que conferimos, correspondente à unidade de número 84. Seu preço de U$ 69,00, apesar de elevado, é justo. O total de páginas deste Young Albert americano chega à casa de 80, sua capa é cartonada e o acabamento é de altíssimo luxo. No final da publicação, há um bônus com ilustrações adicionais e texto escrito, em 1992, por Jean-Luc Fromental. Puro delírio para quem curte quadrinhos franco-belgas! Esta maravilha que é tema da matéria veio da Forbidden Planet, mega-loja de HQs de Nova York. A gibiteria já foi tema de um dos programas Caçador de Coleções do Tujaviu. Para quem nunca ouviu falar do herói, Young Albert é um jovem problemático que faz todo o tipo de besteiras e parece acumular a maioria dos defeitos da humanidade em si próprio. O personagem também esteve nas páginas da saudosa Métal Hurlant, em histórias bem curtas, e da Heavy Metal, sua correspondente americana, na qual suas aparições eram bem mais generosas. O desenho da aventura é extremamente simples, disposto em pranchas que carregam um visual de tiras de jornal.
Por PH.
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