Presente do amigo Giorgio Cappelli, mesmo autor de Rastreadores da Taça Perdida: O Segredo da Jules Rimet, O Extracurricular Cucaracha é uma HQ que tive o prazer de conferir recentemente.
Se tivesse que rotular a obra, a enquadraria mais próximo do quadrinho europeu, já que foi realizada num estilo caricato e que tem mais ver com Spirou, do que com o jeito americano de se fazer comics.
E por falar em Estados Unidos, país em que o gênero super-herói prolifera, este trabalho é uma divertida sátira a este universo de vingadores uniformizados e mascarados.
O roteiro deste álbum gira em torno de Jaime, um garoto, filho de um costureiro, que ele prefere que chamem de estilista. O rapaz, juntamente com outros dois adolescentes, tem o costume de infernizar a vida do estudante Ascarel, seu colega de sala.
Um belo dia, os dois ganham poderes incríveis, acidentalmente, praticamente ao mesmo tempo e em situações diferentes.
Fugindo de seus algozes estudantis, Ascarel entra clandestinamente em um caminhão e sai de lá diferente, ao receber a descarga de algum tipo de energia vulcânica. Se torna mais forte, mais inteligente e vira uma espécie de leitor de mentes. Isso já faz com que, de cara, se livre do terrível bullying que sofre.
Jaime é injetado por engano, pelo enfermeiro-cientista hispânico da escola, com células-tronco de barata. Assim, desenvolve uma força incrível e consegue andar em paredes. Asas também surgem em seu corpo, dando-lhe a capacidade de voar.
Cada um deles construirá seu próprio uniforme e se tornará super-herói. Não serão justiceiros muito ortodoxos. Ascarel, dentro de uma armadura metálica robótica inspirada em seu musculoso progenitor, começa a roubar bancos. Enquanto isso, Jaime, vestido com um esquisito traje que imita formas da barata, pretende comercializar suas novas habilidades.
Os dois serão rivais em uma aventura cheia de referências a músicas internacionais, bandas de rock, autores de quadrinhos e a um dos integrantes de um grupo pop que desapareceu precocemente, numa tragédia aérea, há alguns anos.
Vale a pena conferir! Giorgio é fã da banda desenhada franco-belga e passa muito de suas preferências europeias para as pranchas que realiza. Seus desenhos tem um pouco de Asterix, de Mortadelo e Salaminho e de Benoît Brisefer.
Ainda falando sobre possíveis influências, há uma matéria de jornal na contracapa, citando a estranha aparição de um inseto humanoide nos céus de São Paulo. Isso me lembrou Tintin. Mostrar manchetes e artigos de periódicos nas narrativas do herói belga era um hábito recorrente de Hergé, o criador do célebre repórter de topete.
Lendo este trabalho de Cappelli, me lembrei igualmente de Super Dínamo, um antigo personagem japonês de mangá e animes dos anos 1960 que também combatia o crime, de forma extracurricular, quando não estava no colégio.
Os tons de cinza do quadrinho ficaram por conta de Enéas Ribeiro Corrêa.
Agradeço ao artista pela linda dedicatória ilustrada!
A HQ se encontra à venda no site: www.criesuashqs.com. Tem a marca da Editora Bila. Boa compra e ótima leitura!
Por PH.
