Quadrinhos

Na Livraria Leonardo da Vinci, no Rio, Tujaviu flagra a biografia em quadrinhos de Louis de Funès, além das mais recentes HQs de Michel Vaillant e Spirou

Escrito por PH

DSC_5832Na Livraria Leonardo da Vinci, no Rio, flagrei três ótimos recentes quadrinhos franco-belgas, daqueles que, provavelmente, nunca chegarão ao Brasil. Apesar do desinteresse das editoras do país por esta ala de HQs, estou sempre divulgando as resenhas destes álbuns, mesmo que grande parte dos leitores não saiba bem do que se trata. O motivo de tanto desconhecimento e descaso é simples! O idioma francês, há muito tempo, deixou de ser ensinado nas escolas e a fazer parte de nossa cultura. Com ele, se foi também o interesse por este mercado que, mesmo em crise, é um dos que mais gera publicações do gênero no mundo. Não faz muito tempo, aproximadamente 400 diferentes títulos saíam por mês do prelo, na França, a maioria em capa dura.

A sorte é que edições francófonas em quadrinhos tem ocupado um espaço cada vez maior em nosso país, graças a iniciativas isoladas de editoras guerreiras, como Nemo, Aleph, Zarabatana Books e Galera Record. É o público leitor, o que mais lucra com a mudança.

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Louis de Funés foi o maior comediante francês de todos os tempos. O ator morreu em 1983, aos 69 anos de idade, depois de ter levado milhões de espectadores para ver seus filmes. De descendência espanhola, veio ao mundo com o nome de Carlos Louis De Funes de Galarza. Me lembro de ter visto, nos anos 1970, suas séries do Gendarme, ao lado de Michel Galabru, a saga Fantomas e As loucas Aventuras do Rabi Jacob. Assisti a todas elas no cinema, já que os longas de Funès chegaram a ter uma certa popularidade por aqui, embora somente os cinquentões brasileiros o conheçam! Em DVD, possuo praticamente todas as suas produções. Ele representou para a França, o que Os Trapalhões significaram para o Brasil, embora ache que a escala de Funés, neste caso, tenha sido ainda maior do que a de nossos simpáticos humoristas, comandados por Renato Aragão.

Em Louis de Funès: Une voie de Folie  et de Grandeur (Lois de Funès: Uma vida de Loucura e de Grandeza), a trajetória deste mito é contada desde o nascimento, em pleno conflito da Primeira Guerra Mundial, até chegar ao sucesso imbatível que alcançou nas bilheterias. De autoria de Dimberton (texto), Charbet (desenhos) e Paillat (cores), tem capa cartona e a marca da Delcourt/Mirages. Custa 16,95 euros.

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Criado por Jean Graton, nos anos 1960, Michel Vaillant é pouco conhecido no Brasil. Na Europa, já teve várias histórias editadas por diversas editoras, tendo sido publicado primeiramente pela lendária Dargaud. Hoje, tem suas aventuras confeccionadas por seu próprio selo, o Graton Editeur administrado pelo filho de Jean Graton, seu filho Philippe, que continua a obra do pai. Ele não desenha, mas roteiriza as tramas do corredor número um das pistas. A distribuição oficial das publicações de Michel é feita pela Dupuis.

No Brasil, Vaillant teve carreira curta, sendo editado apenas pela extinta Vecchi e pela ainda atuante Hemus, pertencente às Edições Leopardo. Já em Portugal, a trajetória de piloto teve vida mais longa e seus álbuns foram lançados pela editoras Bertrand, Meribérica, Distri, Panini Comics/Correio da manhã, Revista Autosport e Asa, atual detentora dos direitos de publicação.

Em Michel Vaiilant, Nouvelle Saison (Tome 3) – Liaison Dangereuse, enquanto Patrick, filho de Michel Vaillant, se distancia do clã automobilístico da família, movido a gasolina, para fazer novas pesquisas sobre o futuro da indústria de carros, Michel terá que triunfar no espetacular Rallye do Valais, pilotando um novo modelo de Vaillante. O problema é que sua copiloto, Margot Laffite, poderá colocar tudo em perigo.

O quadrinho tem roteiro de Philippe Graton e Denis Lapière. A arte é de Marc Bourgne e Benjamin Benéteau. O álbum tem 56 páginas coloridas, capa dura emborrachada e preço de 15,50 euros. Saiu em novembro de 2014 e ganhou uma edição em português da ASA. Abaixo, veja a capa da HQ, seu book trailer e making of:

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Ainda explorando o fino das HQs europeias que saíram no fim de 2014, encontradas na Livraria Leonardo da Vinci, cito o volume 54 de Spirou, intitulado Le Groom de Sniper Alley. Groom é aquele carinha que fica nas portas de hotéis e que está ali para recepcionar hóspedes e carregar suas malas até o quarto.

Belga de nascença, Spirou foi criado por criado por Rob-Vel, em 1938, para o lançamento da revista Spirou. Depois, passou pelas mãos de vários artistas, entre eles: Joseph Gillain (Jijé), Franquin, Jean-Claude Fournier, Nic & Cauvin e Tome e Janry. Atualmente, segue publicado pelas Éditions Dupuis, sua casa há muitos anos, sendo realizado de maneira alternada por: Morvan, Yann, Munuera e Yoann & Vehlmann. Spirou é um jovem aventureiro que, geralmente, usa seu uniforme de trabalho vermelho e chapéu característico do traje. Em suas aventuras, foi inicialmente acompanhado por um estranho animal amarelado, dono de um rabo imenso, chamado de Marsupilami. Nos dias de hoje, Spirou aparece acompanhado pelo esquilo Spip e por seu eterno amigo Fantásio, repórter fotográfico do jornal Le Moustique.

Na aventura Le Groom de Sniper Alley, uma terrível guerra civil termina em Aswana, com a eliminação do ditador local. O mundo inteiro se orgulha do fato, especialmente Don Contralto, um mafioso condenado a 634 anos de prisão (devido a um enorme mal-entendido). Enquanto ficou detido numa prisão de alta segurança de Nova York, se tornou uma espécie de arqueólogo amador e acabou descobrindo, através de livros, o que seria o tesouro perdido de Alexandria, escondido em um labirinto subterrâneo em Aswana. Com o fim das hostilidades, no país, ele pensa em enviar uma equipe para recuperar a inestimável preciosidade. Faz então apelo a Don Vito Cortizone, seu sobrinho, para que encontre uma dupla capaz de executar a missão, com ou sem esquilo. Já dá para imaginar quem ele recrutará?

Le Groom de Sniper Alley também tem capa dura e preço de 10,60 euros. Os desenhos deste álbum são de Yoann, enquanto o roteiro tem a responsabilidade de Vehlmann.

E vem aí o Parc Spirou, na França, com data de estreia prevista para o verão europeu de 2016!

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Não deixe de passar na Livraria Leonardo da Vinci para conferir seu vasto acervo de livros e quadrinhos. A loja surgiu nos anos 1950, é uma das mais antigas da cidade e aceita encomendas internacionais. O atendimento é feito à moda antiga. Os vendedores chegam a conhecer o freguês pelo nome. Frequento o lugar, desde 1973 e recomendo. Ela fica no subsolo do número 185 da Avenida Rio Branco, no lendário Edifício Marquês de Herval. A Leonardo da Vinci também vende livros e quadrinhos em diversos idiomas, incluindo o português. Seu forte é o francês!

Por PH.

 

 

 

 

 

 

 

Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground

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