Falar de morte não é nada fácil, afinal, este talvez seja um dos maiores tabus da humanidade! Não estamos preparados para o término! Ao adicionamos a isso temas como vida após a existência terrestre e reencarnação, a temática fica ainda mais delicada. Quando Mauricio de Sousa criou o personagem Penadinho em 1963, inicialmente com o nome de Fantasminha, teve o mérito de transportar esse polêmico assunto para um nível infantil, com muito cuidado e sensibilidade. Anos depois, em 2015, Cristina Eiko e Paulo Crumbim levariam este mesmo “espírito” a um nível mais elevado, participando da sétima Graphic MSP, série em que seletos artistas nacionais dão a sua própria visão para os famosos heróis de Mauricio.
Ao mudarem as regras do jogo e confrontarem Penadinho com a possibilidade de ser deixado por seu amor, a Alminha, que está prestes a reencarnar e voltar para a matéria, inverteram a ordem natural das coisas. Normalmente, são os encarnados que se preocupam em perder seus parceiros, desta para outra realidade superior. Poucos pensam no contrário e ninguém imagina que um espírito possa passar por tamanho trauma, embora este fato seja uma rotina, do ponto de vista da espiritualidade.
Através de um traço que remete a mangá e à saga Adventure Time, a dupla contou uma história incrível, literalmente do outro mundo! São 82 páginas com um visual deslumbrante e em sintonia com o moderno quadrinho que se faz hoje em dia no mundo! Estão lá também as outras figuras desta epopeia sobrenatural: Lobi, Cranicola, Zé Vampir, Muminho, Frank e Dona Morte.
Desta vez, não haverá muito tempo para o coitado do Penadinho. Sua amada está sumida e ele dispões de poucas horas para se conformar com a separação. Ele tem somente até o amanhecer para encontrá-la e entregá-la à Dona Cegonha, pássaro que a levará para o universo dos mortais, onde irá começar uma nova trajetória. Trata-se uma história de amor que consegue juntar drama, espiritualismo e bom humor, de maneira bem leve e cativante.
Ao ler a HQ, acabei me lembrando bastante de uma animação que via na infância, Os Monstros Camaradas, da Filmation. Foi uma referência inevitável, coisa de quem viveu os anos 1970 e 1980! Não foi à toa que, influenciado por essa época, logo que botei as mãos na publicação, resolvi fazer uma foto com ela, imitando o cartaz de divulgação do filme Poltergeist – O Fenômeno. Não deu muito certo! Consegui uma televisão antiga e coloquei seu seletor de canais em uma emissora fora do ar, mas não tinha as duas mãos disponíveis para aparecerem na tela. Uma teria que apertar o botão do celular! O resultado foi realizar a imagem com apenas uma mão. Paciência!
Puxando sardinha para a especialidade do Tujaviu, o quadrinho europeu, o casal de artistas Cristina Eiko e Paulo Crumbim participou da produção do desenho animado franco-dinamarquês Asterix e os Vikings, de 2006. Já devem estar acostumados a esse mercado editorial da banda desenhada que é figurinha fácil no site. Em minha opinião, Penadinho deveria ganhar uma edição para circular em países como França e Bélgica, as mecas da Nona Arte! Tem todo o gabarito para tal!
Conferi Penadinho: Vida em dois trajetos pelo metrô carioca. Foi uma de minhas melhores leituras nos últimos tempos! Mergulhado nas páginas desta fantástica Graphic MSP, não fui sequer assombrado pelos problemas recorrentes desta forma subterrânea de transporte público, como freadas bruscas e intermináveis interrupções no trajeto.
Por PH.
Essa é uma história fascinante e a Graphic MSP, tá lindaa demais,o site arrasou na indicação!
Obrigada PH!
Eu é que agradeço por ter vindo aqui agradecer! Ficou maravilhosa! Parabéns, Cristina Eiko!