Quadrinhos

Neste começo de 2015, Tujaviu confere e avalia a graphic novel “Portais”

Escrito por PH

Untitled-2Portais sempre estiveram em moda na ficção-científica. Cresci, vendo filmes em que heróis cruzam fronteiras dimensionais e vão parar em outros universos ou viajam pelo tempo. Foi assim, em O Túnel do Tempo, de Irwin Allen, na série Stargate e em inúmeras produções do cinema e TV. Não é à toa que os chamados Buracos de Minhoca estejam tão na moda, quando o assunto é ciência. Estes desafiadores mistérios do universo são túneis que parecem curvar o espaço temporal e permitir contato entre dois mundos diferentes, separados por milhões de anos-luz de distância. Há quem diga que é assim que a maioria dos supostos OVNIS (objetos voadores não identificados) conseguiriam chegar por aqui, sem lançar mão de viagens que durariam uma eternidade. No lugar de colocar a tripulação em um estado de hibernação profundo, queimar litros de combustível e tentar alcançar a velocidade da luz, bastaria ultrapassar estas estranhas anomalias cósmicas.

Nesta semana, andei conferindo a HQ Portais, de Octavio Cariello (desenho e cores) e Pietro Antognioni (texto, letras e logo), que toca nesta interessante temática. Apesar de ter sido lançado em junho de 2014, o quadrinho só foi parar nas minhas mãos neste começo de janeiro de 2015. Sua história se desenrola em um futuro longínquo, em que dois irmãos gêmeos disputam o trono do falecido pai, assassinado brutalmente. Isso originará discórdias que estarão na origem de uma verdadeira guerra. Enquanto isso, cinco pessoas são teletransportadas de épocas e dimensões diversas. Uma delas é Ana Menezes, que vai de São Paulo, em 1994, para Atsistaris, durante o século dez da colonização de killyiannar. Lá, passa a ser chamada de Ana Rahim, numa provável brincadeira que os autores fizeram, em alusão ao nome da cidade de Anaheim, perto de Los Angeles, onde fica a Disneyland.

Portais tem um desenho absolutamente incrível, muito superior ao que se vê por aí, elevando a graphic novel ao nível do que se faz, atualmente, na Europa. em países como França e Bélgica. A própria diagramação de suas pranchas, sem excesso de elementos em cena e quadros que se atropelam, a aproxima da banda desenhada proveniente do Velho Continente. O roteiro, entretanto, é um pouco confuso, com muitas indas e vindas no tempo. Apesar desse pequeno detalhe, seu visual geral é espetacular e a impressão da edição é muito bem cuidada, o que compensa tudo.

São 124 páginas do mais arrojado grafismo, sendo que a partir da página 79, começam os generosos extras. O material inclui uma galeria de desenhos, feitos por outros artistas, dando sua própria visão dos heróis de Portais. Nesta galeria de pinapes, vemos a participação de Roger Cruz, André Rocca, Leo Gibran e de muitos outros feras. Da página 94, em diante, há esboços, ilustrações esquecidas e a lista de apoiadores do projeto, viabilizado pelo Catarse. A editora da HQ é a Terracota. Sua leitura é indicada para público adulto. A publicação tem capa em brochura e custa R$ 39,00 na Livraria Cultura. Vale a pena conferir.

Por PH.

Portais

Sobre o Autor

PH

É ex-locutor do TOP TV da Record e radialista. Também produz a série Caçador de Coleções e coleciona HQs europeias, nacionais e quadrinhos underground