Nesta última semana, travei contato com a edição original em francês de O Gosto do Cloro, de 2008, desenhada por Bastien Vivès. Aproveitei para fazer comparações entre esta e sua versão nacional. Para começar, o álbum francês, da Casterman, é cartonado. Apesar de ter o mesmo número de páginas que o brasileiro, parece ser mais um pouco espesso. O fato acontece, devido à utilização de papel mais espesso em sua confecção. Extremamente luxuoso, este Le Goût Du Chlore é um troféu para colecionadores. Sua capa foi impressa em fosco, reservando um pouco de tinta brilhante para o título e parte da lombada. No final, há fotos de Elles (s) e Hollywood Jan, duas outras obras em quadrinhos de Vivès. Quanto à publicação brasileira, ela carrega a marca da Leya Brasil e foi lançada em 2012. Em algumas livrarias, já não é fácil encontrá-la. Este volume nacional tem 144 páginas, capa mole, formato 18,5 x 27 cm e tradução de Maria Clara Carneiro. Mesmo apresentando uma primorosa impressão, seria ótimo que sua editora o tivesse disponibilizado também em capa dura, para leitores mais exigentes. Enfim, nada é perfeito! Mesmo assim, em minha opinião, O Gosto de Cloro da Leya ficou bem satisfatório. Além disso, ele ostenta uma ilustração de capa, mais bonita do que a que figura em seu similar importado. Ponto a favor para o projeto gráfico tupiniquim! Para quem não conhece, Vivès e seu O Gosto do Cloro foram as grandes revelações, de 2009, do Festival de Angoulême, mais importante evento europeu dos quadrinhos. Esqueça aquela história de desenhos extremamente certinhos. Não será isso que verá neste trabalho. Muitas vezes soando a rascunho, o traço de Vivès é absurdamente clean. Seus planos são cinematográficos e tudo é preenchido com cores chapadas, sem nenhum sombreado, o que poderia enquadrar o álbum numa espécie de categoria Ligne Claire modernizada. A leitura deveria ser rápida, devido ao pouco texto presente, mas a beleza de cada uma de suas pranchas faz com que o leitor pare para apreciar as inúmeras cenas carregadas de poesia e que mais parecem com quadros. Nascido em 1984 e formado em artes plásticas e cinema de animação, Vivès faz um quadrinho moderno e impactante que, pelo magnífico efeito gráfico final, pode ser confundindo com o de artistas bem mais velhos e experientes do que ele. Bastien é um típico exemplo daqueles talentos que surgem do nada e que deixam seu nome registrado para sempre em uma determinada área de atuação. A história de O Gosto do Cloro começa, quando um rapaz com dores nas costas, incapaz de melhorar apenas com os esforços de seu massagista, é aconselhado por este, a procurar uma piscina de clube para nadar e amenizar problemas derivados de uma escoliose. Neste lugar, conhece uma excelente nadadora e passa a admirar seus graciosos movimentos aquáticos. Não demorará muito para que o jovem se apaixone pela garota e procure levar a relação para fora dali. Toda esta narrativa é contada, através de belíssimos tons de azul e verde que são um colírio para os olhos. Milagrosamente traduzido para o português, este tesouro das HQs está à disposição dos brasileiros nas livrarias, pela quantia de R$ 49,90. O Gosto do Cloro francês custa um pouco mais, tendo preço de R$ 77,70 na Livraria Cultura. A seguir, publico as fotos do volume importado que conferi. A última imagem corresponde à capa da versão brasileira. Tanto uma quanto a outra são imperdíveis!
Por PH.
Nessa vocês se superaram hein! Obrigada por compartilhar toda essa beleza conosco. suas postagens são um alento obrigada.!